A ordem é FALAR ERRADO.
Há alguns anos – vários anos – recebi uma orientação como professor de escola pública, que não deveria exigir que o aluno que falasse nós vai substituísse por nós vamos. Deveria mostrar os possíveis falares e deixar que ele escolhesse como se expressar. Certamente não o fiz, assim como não concordei. Hoje, ao saber que um dos livros escolhidos pela equipe do Governo Federal para o Ensino para Jovens e Adultos traz o mesmo caminho, ainda que com outra roupagem. Textos que valorizam estes falares, sugerindo, por exemplo, o plural só do artigo em frases como Os pescador pegou um peixe. Não exatamente com estas mesmas palavras, tal situação criou polêmica. Certamente não faltaram “especialistas” para defender esta tese e justificar que o professor poderia dar a chance dos alunos corrigirem. Sou do história em que os livros eram preparados para trazer o “certo”, aquele falar que unifica, que iguala socialmente todo o povo de uma nação. Num momento em que vivemos uma fragilidade educacional, reconhecida mundialmente, o MEC permite que a mídia, os verdadeiros estudiosos e fervorosos defensores de uma Língua inclusiva ratifiquem a fragilidade daqueles que comandam uma educação burocrática, fantasiosa, enganadora e precária. Numa época em precisamos de novos pensadores – ELES SUMIRAM – e profissionais voltados à especialização globalizada, valorizam o curso técnico como justificativa para emprego e motivam e facilitam a busca por uma graduação. Retrocesso! Cursar uma faculdade era uma realização, hoje nem é garantia de emprego. O curso técnico é a valorização de salários mais baixos e menos pensadores para mudar o futuro. É preciso, sim, diferençar o certo e o errado na Língua, para elevar o nível cultural, automaticamente a ascensão profissional e melhores salários. O aluno já traz para sala de aula a língua popular, ele vai em busca da língua “culta”, correta, justamente porque busca ascenção cultural para uma ascenção social. As obras didáticas deveriam facilitar esse processo. O aluno é um usuário da língua; portanto precisa de práticas “certas”, padronizadas, para a unificação nacional. Valorizar e justificar a língua popular como o caminho para língua “culta” não é reamente eficiente numa sala de aula. Como disse o ex-ministro Cristóvão Buarque numa entrevista na televisão, quando MENAS for ocorreto; falemos, então, dessa forma. Por enquanto, usemos MENOS. Ou seja, não há motivo forte o suficiente para que autores fortalessam em livros didáticos o erro como caminho para se explicar o acerto. Subjetividade desnecessária. O Brasil agradecerá pelo ingresso em sua história de mais profissionais competentes para a organização, criação e gestão de suas riquezas. Não se comanda uma verdadeira mudança em Educação atrás de uma mesa nem com pessoas que não passaram pela Educação Básica como educadores. São técnicos, possuem visão limitada para uma mudança de verdade. Como disse um culto apresentador de televisão “Basta aprender a apertar o botão. (Da urna de votação.). A verdadeira ordem: Por favor, NÃO FALE ERRADO. Não permita a dominação político-sócio-cultural.
Nicolau Salerno